Vai um tal de fluir. Da casa sólida, da moradia bonita aos olhos dos seus moradores, plural ou apenas singular. Construída, pensada... óh, se pensada. Às vezes demais, outras nem por isso. E nessa inconstância marcava a sua diferença, a sua personalidade. Dizia-se bom morar por lá... ainda que talvez nem se pensasse muito nisso. Ninguém liga a coisas antigas, mesmo. Eu ligo. sempre liguei e quero permanecer assim. Mas também não é de mim que estamos a falar, pelo que vou prosseguir...
Como qualquer coisa antiga, a manutenção é premptória. Mas era tão bom morar lá dentro, que os seus inquilinos, ou inquilino - dependendo se plural, se singular, só se lembrava(m) que precisava de manutenção aquando do mau tempo. Da chuva. Do sol... mas não quando era muito sol. Só do sol...! (Por falar em Sol, adoro-o. Bah... mas não é de mim que estamos a falar. Vou prosseguir...).
Niguém se lembrou de a reparar... e a bonita moradia, antiga (mas não velha) foi subsistindo, ora por si, ora por benesses do tempo, benesses divinas... mas subsistia. Note-se que nunca pelo(s) inquilino(s). Limitava(m)-se a morar... no quente. Sem estima, carinho, preocupação. A sólida, bonita, antiga (mas não velha) moradia, que tanto lhe/lhes deu, pouco retorno teve. Nos dias de chuva, ia-se perdendo sempre mais um bocadinho de tinta, uma telha, um mísero parafuso (que à partida pouca falta fazia... tinha tantos, não é?).
O certo é que todas essas pequenas coisas foram fazendo a diferença. A bela da moradia, antigamente sólida, forte e robusta foi lentamente ruindo. Assim como o fio condutor desta conversa se foi perdendo, a aconchegante habitação também. De forma tão vagarosamente lenta que foi imperceptível para os seus inquilinos (ou inquilino). Diz-se por aí, que ninguém conseguiu sair a tempo. Nem se sabe se uma ou duas pessoas.
E hoje, quem por lá passa... prossegue a sua vida sem sequer se lembrar se outrora era um terreno baldio ou uma casa antiga (mas não velha), que esperou em vão para ser retocada.
.LittleCharles